Um piquenique no morro da saudade
Lembro-me de uma infância nem um pouco triste. Tudo o que acontecia era motivo de gargalhadas. Entre amigos ou entre familiares, a felicidade era compartilhada de forma igual.
Lembro-me de quando juntávamos todos na porta de casa e íamos brincar de pique-pega, pique-esconde e derivados. Inúmeras bolas eram perdidas na vizinha “bruxa” que estourava qualquer uma que ousava “pular” pra dentro de sua propriedade.
De tanto lembrar, me recordei agora de um episódio talvez único em minha vida: o piquenique feito em um dos morros que rodeiam a minha cidade natal. Não sei se já falei, mas sou natural de Arraias, aqui no estado do Tocantins mesmo.
Tágory, Luan, Marcelo, Matheus, Pedro Lucas e eu éramos o que se dizia de “Os Inseparáveis”. A maioria das descobertas que tive em minha infância, lembro claramente ser na companhia desses cinco.
Arrumamos nossas mochilas com bolachas e pães; a mãe de cada um, especialista em uma iguaria quase que exclusiva da família, sempre abastecia nossos piqueniques. Depois de sucos despejados em garrafas e todo o alimento empacotado, fomos à expedição.
Era tudo muito mais verde naquela época. A água do rio que cortava a cidade não tinha cheiro de fossa destampada. As árvores preenchiam os morros com o verde vivo, tinham também os típicos “cajuís” do cerrado, dando, pra quem via de longe, uma coloração avermelhada ao verde intenso das folhas.
E foi nesse morro que fizemos nosso único piquenique. Hoje esse morro, depois de consumido no fogo do desrespeito, ficou apenas cinzas. Espera ver algum ponto vermelho em tanta negritude? Desista! Vida não está mais presente naquele lugar.
A infância foi algo mágico; é algo que eu sinto falta até hoje; algo que passou tão rápido quanto os ventos úmidos em lugares secos. E ela se foi... e vai deixar marcas.
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